terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Arritmias Cardíacas em Atletas

INTRODUÇÃO

As arritmias cardíacas não são mais comuns em atletas em comparação à população em geral, mas trazem algum tipo de preocupação quando estão presentes. A maioria das arritmias em atletas é assintomática e geralmente não está associada a algum tipo de cardiopatia, e nem sempre são consideradas benignas.
Não raramente evoluem com sintomas de baixo débito cardíaco e até síncopes durante as atividades. Nesses casos, deverá ser realizada avaliação clínica, não só para a qualificação para o esporte, mas também, pela sua vida.
Várias são as enfermidades que podem acometer atletas, mas a maioria delas afeta sua participação apenas transitoriamente, tal como acontece com as lesões ósseas e musculares.
Dramáticas são as doenças que tiram o atleta definitivamente do convívio, tal como ocorre com a morte súbita, nesse caso, as doenças cardiovasculares seria a principal causa. Doenças cardíacas em atletas são pouco freqüentes, menos freqüentes ainda, são aquelas que se manifestam com sintomas. Por essa razão, a avaliação clínica minuciosa envolvendo exames complementares sofisticados, é necessária para a garantia de que o desempenho de um desportista seja realizado sem o menor risco de ser interrompido precocemente.

O ATLETA COM BRADIARRITMIA

A bradiocardia sinusal é um evento comum em atletas e está relacionada provavelmente, à intensidade de treinamento a qual os indivíduos estão submetidos.
A bradiocardia torna-se importante, não pela freqüência cardíaca observada ao repouso, mas quando esta não acompanha o grau de esforço realizado pelo atleta, sendo, portanto, desproporcional à atividade realizada, fato conhecido como incompetência cronotrópica, mais comum em atletas com mais de trinta e cinco anos.

BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR

O bloqueio atrioventricular de primeiro grau é um achado relativamente comum entre atletas, em especial na fase noturna, quando predomina o tônus vagal. Costuma ser um bloqueio transitório, que desaparece com a atividade física ou com o aumento da atividade simpática.
O bloqueio atrioventricular de segundo grau está relacionado coma atividade vagal sobre o nódulo atrioventricular, nessa condição com a retirada da atividade vagal, o grau de bloqueio diminui e isso pode ser observado pelo desaparecimento do mesmo com o despertar ou quando se eleva a atividade a atividade simpática pelo esforço físico.
Bloqueio atrioventricular de grau avançado é uma manifestação de doença difusa do sistema de condução.
O bloqueio atrioventricular total pode ter duas origens: a congênita e a adquirida. A congênita, os atletas já participam de competições há um tempo, sendo o bloqueio diagnosticado acidentalmente numa avaliação de rotina ou quando passam a apresentar sintomas. Quando a freqüência cardíaca se eleva gradualmente com o esforço, não se tornando assim, fator limitante. No adquirido, existe algum tipo de comprometimento do sistema de condução cardíaco, seja no nódulo atrioventricular ou abaixo deste, que pode limitar a freqüência cardíaca durante o esforço.

TAQUIARRITMIAS SUPRAVENTRICULARES

- Taquicardia sinusal: Geralmente significa resposta a algum tipo de estresse, fisiológico ou não, tal como ocorre com o exercício ou com os processos infecciosos. Existe a taquicardia sinusal inapropriada, o risco dessa arritmia é o surgimento de miocardiopatia secundária à taquicardia, que pode limitar a participação de atletas em competições.

- Extra-sístoles atriais: Podem dar desencadeamento a outras taquiarritimias, como a fibrilação atrial. De maneira geral, quando os atletas não têm cardiopatia estrutural associada e não apresentam sintomas, a conduta é a simples observação clínica, podendo participar de todos os esportes competitivos.

- Fibrilação atrial: É a mais comum em atletas, isso se deve pelo menos em parte, ao aumento da atividade vagal provocado pelo treinamento. Pode ocorrer de forma intermitente, como crises de inicio e términos súbitos a intervalos variados, ou então de forma crônica. O diagnóstico deve ser feito quando o atleta apresenta palpitações taquicárdicas ou cansaço físico desproporcional ao grau de esforço realizado ou então, a não redução da freqüência cardíaca após interrompido o esforço, quando o pulso se mantém rápido e irregular.

- “Flutter” atrial: É uma arritmia rara em atletas. Geralmente associado a alguma cardiopatia que causa dilatação atrial, sendo bem menos freqüente a forma idiopática, sem cardiopatia. A descoberta do circuito elétrico causador do “flutter” permitiu a cura definitiva por meio da ablação com cateter utilizando radiofreqüência como modalidade de energia. A cura com essa técnica atinge 80 a 85% dos indivíduos, principalmente sua forma idiopática.

- Taquicardia atrial paroxística: Arritmia causada por atividade automática atrial ou por circuitos reentrantes no tecido atrial secundário a cirurgia cardíaca prévia, cardiopatias congênitas ou cardiomiopatias. É uma arritmia rara. Uma das principais complicações da taquicardia atrial, que evolui com freqüência cardíaca persistentemente rápida após sua cronificação, é a taquicardiomiopatia, o que poderia limitar a participação de atletas em esportes competitivos.

- Taquicardia juncional não-paroxística: Esse tipo de taquicardia pode ser encontrado em adultos de forma transitória, em episódios curtos e com freqüência cardíaca não muito rápida. A arritmia pode ser detectada quando o atleta relata sintomas, como, por exemplo, palpitações. Nos casos mais rebeldes, pratica-se a ablação o foco juncional, entretanto, a principal complicação é a instalação de bloqueio atrioventricular total e posterior necessidade de implante de marcapasso definitivo.

- Taquicardia paroxística supraventricular por reentrada nodal: É a taquicardia mais comum nas clínicas e sua prevalência não é maior em atletas em comparação com a população geral. É causado pela presença de um circuito arritmogênico localizado na junção atrioventricular. Manifesta-se de forma súbita, com palpitações geralmente percebidas no pescoço (sinal do “sapo”).

- Taquicardia paroxística supraventricular envolvendo via acessória: Existe uma via acessória paralela ao sistema de condução normal, com propriedades eletrofisiológicas distintas. Costuma evoluir com freqüência cardíaca bastante elevada e ser menos responsiva à terapêutica farmacológica. Frequentemente esse tipo de taquicardia é desencadeado pelo esforço físico, o que facilita a confirmação de seu diagnóstico por meio de teste ergométrico.

SÍNDROME DE WOLFF-PARKINSON-WHITE

Uma síndrome muito rara que só ocorre em três a cada mil indivíduos. O individuo com a síndrome pode apresentar o surgimento de taquicardia supraventricular envolvendo a via acessória que pode culminar em fibrilação ventricular. Para detectar se um individuo tem taquiorritmia assintomática ou comportamento da condução anterógrada pela via acessória, são realizadas avaliações ergométricas, exames físicos e ecocardiograma.
O tratamento definitivo do atleta mais aceito para a síndrome é por meio de ablação. Se o atleta não tiver nenhum tipo de cardiopatia, ele poderá participar de todas as atividades competitivas; se o atleta apresentar taquicardia supraventricular, é recomendado que principalmente induza a fibrilação arterial. Já os atletas com fibrilação atrial, é recomendado a ablação com cateter e por último, os atletas que se submetem a ablação podem participar de competições sem restrições após duas ou três semanas.

O ATLETA COM ARRITMIAS VENTRICULARES

Os atletas que apresentam arritmia ventricular, correm um grande risco de sofre morte súbita, pois essa doença não apresenta sintomas. As principais cardiopatias com maior risco de desencadear arritmias ventriculares fatais, são: cardiomiopatia hipertrófica idiopática, displasia arritmogênica de ventrículo direito, miocardiopatia dilatada idiopática, miocardites e a insuficiência coronariana.
Toso o atleta que após avaliação inicial, apresentar arritmia ventriculares, deve ser submetido a exames mais detalhados.

Referência Bibliográfica

M.R. Dalmo Antônio, Arritmias Cardíacas em Atletas.Rev Soc Cardiol. Vol. 15, n. 03, Maio\Junho, 2005, SP.

B.S. Francisco, Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 8 ed. FENAME